Por Maria José G. S Nery - Psicóloga Clínica
Doenças,
morte de alguém, mudança de cidade, de emprego, condição social, separação,
perda de um sonho ou ideal e outras situações nos trazem um mal irreparável. As
situações mais dolorosas referem-se à perda de um ente querido.
As pessoas ficam com a sensação de
terem sido roubadas em algo a que tinham direito. Passam por um processo
doloroso que envolve sofrimento, medo, revolta, raiva, culpa, depressão,
isolamento, desinteresse pelas atividades costumeiras ou excesso de atividades
(fuga); apresentam sintomas físicos e psicológicos de estresse, podendo até vir
a adoecer.
O tempo requerido para o “luto” (fase
de maior sofrimento) e a maneira de vivê-lo depende muito das circunstâncias da
perda, o significado desta para a pessoa, seu modo particular de lidar com
situações de crise, apoio disponível no seu meio familiar e social, como a
comunidade onde vive encara esta perda, suas próprias crenças e outros
aspectos.
A recuperação de uma perda
significativa leva de alguns meses a dois anos e, mesmo aí, alguns aspectos
podem continuar não muito bem resolvidos.
Mas, além da tristeza, as situações
dolorosas podem fazer com que descubramos em nós mesmos forças antes
desconhecidas, faz com que repensemos nossas vidas e nossos valores, passando a
perceber o que realmente é importante e o que é supérfluo, e podem nos
transformar em pessoas mais ricas espiritual e emocionalmente.
Apesar das pessoas sentirem e reagirem
diferentemente, existem pontos em comum nas situações de perda, quando
geralmente passam por fases semelhantes. Quando descobrem que estão com
uma doença grave ou isto acontece com uma pessoa muito próxima, a morte
inesperada de alguém que amam, ou com quase todos os outros tipos de perda,
primeiro passam pelo estágio de choque e negação, não querendo acreditar na
realidade. Depois vem a fase da raiva, revolta (contra tudo, todos e até contra
Deus) e muita mágoa. Mais tarde passam a negociar com Deus e com a vida,
tentando fazer trocas e promessas; depois ficam deprimidos, perguntando-se “por
que eu?”, “por que ele(ou ela)?”ou “por que comigo(ou conosco)?”.
A seguir a tendência é retraírem por
algum tempo, afastando-se dos outros, enquanto buscam alcançar um estado de
entendimento, paz, aceitação; de aceitar aquilo que não pode ser mudado.(E.
Kubler-Ross). Muitos param em determinada fase e não vão adiante na superação
da perda que já aconteceu ou, no caso de doença, vai ocorrer; alguns pulam de
uma fase para outra, podendo retornar à fases anteriores; outros caminham
para a superação. Isto vai depender muito do suporte que recebem do meio, dos
amigos, de terapeutas ou orientadores; do entendimento que têm sobre a vida e
sua finalidade, de suas crenças filosóficas e/ ou religiosas e outros aspectos.
A Dra Ross estudou também 20 mil casos
de pessoas de várias culturas que passaram por experiências de quase
morte(EQM), e notou muita semelhança no que percebem naqueles momentos de
“morte”, as vivências e sensações são agradáveis e os pacientes percebem que na
realidade a morte não existe, é uma passagem para um plano de vida diferente,
como a borboleta que deixa o casulo. Se começarmos a ver a vida de maneira
diferente, com maior entendimento, veremos que a morte jamais deve representar
sofrimento, mas uma continuação da vida e da evolução.